25 maio 2012

O Monge


Nos mais altos picos de um vale dorme um monge.
Ao nascer do sol seus olhos cerram-se.
Sente a luz e o calor tocarem sua pele e aquecer seu corpo suavemente.
Ouve baixo a pressa da cascata que corre para levar a vida ao cervo.
Ao seu lado, canta o pássaro que suas migalhas alimentou.
Atentamente, o espera silenciar, sabe então que a manhã chegou.

Cerra os olhos, sua mente nada vê.
Volta-se para si e sente amanhecer a vida em seu ser.
Conhece o amor; expande a paz que dele recebeu.
Encontra a luz que tanto buscou e se ali retém...
Aguardando os mais profundos paradigmas se resolverem.

Seus olhos captam a alteração de luz, é o crepúsculo.
Abre os olhos, pela primeira vez vislumbra seu mundo.
Ao fundo, o alaranjado do sol partindo.
A sua volta, a noite que chegou acolhe seus olhos frágeis.

Se levanta, sente seu corpo amanhecer.
Leva a água aos lábios.
O alimento de seu corpo é pouco, para sua alma o necessário.
Completa o bebedouro do pássaro.
Deita-se.

Durante o tempo de um suspiro recorda-se de relógios, faróis, insônias.
Retém a lágrima de saudade da existência que deixou.
Busca na memória a dona do coração.
Dorme.

Em seus sonhos, apenas luz.

S.T.G.

18 maio 2012

Asanas

Yoga é uma arte proveniente da Índia, a palavra original do sânscrito seria algo próximo de yuj: união, junção, conexão.
Esta conexão, alcançada através de atitudes meditativas e de posturas estudadas cuidadosamente, une você ao seu interior e ao ser supremo (vou deixar que você mesmo defina o que é seu ser supremo).
Esta é uma união física e espiritual que permite sua mente se aquietar e ficar sob (quase) completo controle de seu ser, então podemos dizer que yoga é aquietar a mente e exercitar outras esferas da sua existência.

Os asanas são as tais posturas. Vou falar um pouco sobre eles: usados em algumas modalidades de yoga (como Hatha ou Ashtanga), existem classicamente 84 deles. Em cada asana experimenta-se o alongamento de partes externas e internas do corpo, músculos que muitas vezes nem lembramos que temos e outros organismos internos que são imperceptíveis ao nosso sistema nervoso central (aquele que controlamos motora ou sensitivamente).

O primeiro asana que costuma-se abordar tem um nome um tanto assustador: a postura do cadáver! Shavasana, onde shava é relativo à cadáver. Este é um asana de relaxamento, como um cadáver que deitado ao chão deixa toda a matéria - o que é pesado, negativo - se esvair, e parte para apenas ser, a proposta desta postura é a purificação.

Tendo em mente a introspecção, o relaxamento, o praticante se deita de barriga para cima; separando seus pés um pouco além da linha dos quadris e deixando que seus pés caírem para o lado. Com os braços ao lado do corpo, o praticante mantém as palmas das mãos viradas para cima e o queixo apontando para o peito, garantindo assim que a cervical encoste o chão. Yoga é arte na ação, no como se faz, e não quanto se faz. O praticante se concentra em sua respiração, mantendo-na tranquila e introspectiva.

Namastê!

11 maio 2012

Definições

Pressa,
irredutível vontade de realizar.
Paciência,
tranquilidade de saber fazer.
Medo,
irrepensável desejo de entender.
Certeza,
paz por ter visto acontecer.
Sonho,
imutável vontade de mudar.
Vida,
serenidade em saber aceitar.
Aproveitar,
viver...

Carpe Diem!

S.T.G.

04 maio 2012

Manoel de Barros - o poeta da natureza


Manoel Wenceslau Leite de Barros nasceu em Cuiabá (MT) no Beco da Marinha, beira do Rio Cuiabá, em 19 de dezembro de 1916, filho de João Venceslau Barros, capataz com influência naquela região. Mudou-se para Corumbá (MS), onde se fixou de tal forma que chegou a ser considerado corumbaense. Atualmente mora em Campo Grande (MS). É advogado, fazendeiro e poeta. 
Que hei de fazer se de repente a manhã voltar?
Que hei de fazer?
— Dormir, talvez chorar”. 
Escreveu seu primeiro poema aos 19 anos, mas sua revelação poética ocorreu aos 13 anos de idade quando ainda estudava no Colégio São José dos Irmãos Maristas, no Rio de Janeiro, cidade onde residiu até terminar seu curso de Direito, em 1949. Como já foi dito, mais tarde tornou-se fazendeiro e assumiu de vez o Pantanal.
Seu primeiro livro  foi publicado no Rio de Janeiro, há mais de sessenta anos, e se chamou "Poemas concebidos sem pecado". Foi feito artesanalmente por 20 amigos, numa tiragem de 20 exemplares e mais um, que ficou com ele. 
Fonte: Releituras