25 maio 2012

O Monge


Nos mais altos picos de um vale dorme um monge.
Ao nascer do sol seus olhos cerram-se.
Sente a luz e o calor tocarem sua pele e aquecer seu corpo suavemente.
Ouve baixo a pressa da cascata que corre para levar a vida ao cervo.
Ao seu lado, canta o pássaro que suas migalhas alimentou.
Atentamente, o espera silenciar, sabe então que a manhã chegou.

Cerra os olhos, sua mente nada vê.
Volta-se para si e sente amanhecer a vida em seu ser.
Conhece o amor; expande a paz que dele recebeu.
Encontra a luz que tanto buscou e se ali retém...
Aguardando os mais profundos paradigmas se resolverem.

Seus olhos captam a alteração de luz, é o crepúsculo.
Abre os olhos, pela primeira vez vislumbra seu mundo.
Ao fundo, o alaranjado do sol partindo.
A sua volta, a noite que chegou acolhe seus olhos frágeis.

Se levanta, sente seu corpo amanhecer.
Leva a água aos lábios.
O alimento de seu corpo é pouco, para sua alma o necessário.
Completa o bebedouro do pássaro.
Deita-se.

Durante o tempo de um suspiro recorda-se de relógios, faróis, insônias.
Retém a lágrima de saudade da existência que deixou.
Busca na memória a dona do coração.
Dorme.

Em seus sonhos, apenas luz.

S.T.G.

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